sábado, julho 09, 2005

manifesto

Enquanto o corpo expedicionário Edições K não manda notícias da disneylândia dos escritores, mando um boletim sobre a nova fornada. Ao vê-los todos juntos, percebi que a riqueza de narrativas e integração visual consolidam a proposta da editora num formato clássico. São cinco livros bem diferentes e maduros. Com eles, as Edições K chega a quinze livros publicados em um ano de existência, celebrada no 2 de julho.

No Manual do Fantasma Amador, de Marcelo Benvenutti, as letras apagadas sugerem o aspecto translúcido das vidas de suas histórias, agrupadas em temáticas e que juntas constroem um panorama do sofrimento e do destino. Sua cor vermelha viva alerta o leitor: leia com cuidado.

Os livros de contos Dizer Adeus, de Mayrant Gallo, e O som de nada acontecendo, de Estevão Azevedo, captam a leitura pela beleza do texto e escolhas temáticas. Dizer Adeus chega a moldar a narrativa tão habilmente que transfigura uma experiência perfeita de visão e idéias, prosa cinematográfica e noir. Enquanto isso, os pontos de vista se multiplicam e as explosões formais de Estevão decapitam o conformismo.

Nossos poetas Wladimir Cazé e André Setti, com Microafetos e Teatro das Horas, gostam de navegar mas buscam águas diferentes. Os oceanos de Cazé são quentes e luxuriantes, há imagens lúcidas e insanas de criaturas, a linguagem lubrificada faz com que as palavras não se choquem, copulem como insetos vorazes de prazer. Observe as ilustrações: elas destilam. Enquanto isso, André Setti é um peixe perdido num tanque de inquietações, o olhar severo sob as plantas e os sonhos. Suas águas envolvem as palavras até moldarem fábulas de contemplação.

O estilo não é press release, é sincero e às 4:13, depois da primeira olhada nos livros que chegaram até a Bahia. E vale quanto pesa; vendas aqui.