sexta-feira, março 11, 2005

Orgasmo

A literatura, esta manifestação artística pretensamente moderna, está aprisionada nos maneirismos tradicionais e arcaicos de uma elite que viva, não respira. O romance, moribundo, sobrevive detalhista em meio à imundície de informações. A poesia, maltratada, luta camuflada numa floresta infecta de mediocridades. O conto, que de tão curto é espaçoso, esconde a burrice do autor na genialidade do leitor comum.

Enquanto isso, adormecida em sua bela cama de casal, solitária e triste, a imaginação se masturba com os dedos da liberdade, esperançosa pela língua da loucura, lânguida e febril de desejo pela emoção, deixa a sensibilidade delirar em seu corpo apaixonado por um escritor mudo de palavras em seu torpor iconoclasta. Desesperada, chora o orgasmo literário desse encontro temporão.

Vive le Flesh Nouveau


Marcelo Benvenutti